Reformas da Administração Pública no Brasil
Por décadas o Brasil vem passando por reformas
administrativas. Sendo que a década de 1930 ficou marcada pela pioneira reforma
burocrática, ocorrida no governo de Getúlio Vargas.
Antes desta reforma de 1930, o Estado brasileiro era
dominado pela prática pungente do clientelismo (troca de favores e votos) e
patrimonialismo (a res publica (coisa
do povo) não se distinguia da res
principis (coisa do príncipe)).
A reforma burocrática da década de 1930 foi impulsionada
pela industrialização do setor privado a partir dos investimentos de
empresários, muitos estrangeiros; neste cenário, o governo se viu necessitado
de reajustar sua organização administrativa para que a intervenção do Estado
fosse mais eficaz, permitindo recolher mais impostos e se desenvolver na área
dos serviços públicos, da chamada administração indireta; com isso, dominar
setores básicos de serviço, permitindo recolher ainda mais impostos e valores a
partir da cobrança de taxas e tarifas da população.
Portanto, nesta reforma de 1930 foi criado o DASP
(Departamento Administrativo do Serviço Público) que foi previsto na
Constituição de 1937, posta em vigor pelo Decreto-lei nº 537/38. O DASP
objetivava a melhoria da máquina pública com assessoria técnica ao Presidente
da República, no caso, Getúlio Vargas (governou de 1930 a 1945 e de1950 a 1954
na República Contemporânea), elaborar, também, a proposta orçamentária. Em
suma, o DASP tinha como meta centralizar e reorganizar a administração pública,
definir política para a gestão de pessoal, racionalizar métodos, procedimentos
e processos administrativos em geral; combater as práticas patrimonialistas de
gestão, inapropriadas a um Estado Democrático de Direito, além de modernizar a
administração pública em prol da melhoria no atendimento ao cidadão em geral,
bem como para se inserir em atividades econômicas típicas empresariais para
aumentar a arrecadação estatal e o lucro.
Após 1964, com os militares no poder – diz-se de 1964 a 1985
– isto é, Ditadura Militar ou Quinta República Brasileira, vigorando o
centralismo político e a ampliação de ações intervencionistas do Estado
conjugados com a expansão da administração indireta subvencionada pelo
Decreto-lei 200/1967 que buscava, mais uma vez, descentralizar as atividades do
setor público; período denominado de segunda reforma administrativa. Esta
política ampliou a autonomia e delegação de autoridades para conduzir os
serviços dos setores das autarquias e empresas públicas.
O Programa Nacional de Desburocratização (PND) foi criado
em 1979 no governo de João Figueiredo, pelo ministro Hélio Beltrão. O PND tinha
a pretensão de eliminar o excesso de burocracia desnecessária que engessava a
administração pública, impedindo ou atrasando o uso efetivo, eficiente dos
serviços públicos pelos cidadãos.
Por conseguinte, o período da Nova Administração Pública (NAP)
pode ser entendida genericamente como a fase ocorrida a partir dos anos 80,
caracterizada por iniciativas de reforma administrativa com o fito de valorizar
o mercado, seus mecanismos econômicos de regulação e controle, difundida pelo
mundo todo.
No Brasil, a NAP representa o processo de democratização
nacional após período militar, isto é, ocorre na terceira reforma
administrativa (iniciada com a promulgação da Constituição Federal de 1988)
indo até os dias de hoje. A CF 88 almejou frear as práticas arcaicas de
patrimonialismo, burocracia e gerencialismo de controle de resultados a posteriori,
restabelecer e organizar as bases legais para o exercício da democracia aliados
a projetos de reforço da descentralização da ação governamental; incentivou a
municipalização da gestão pública, concedendo maiores poderes aos municípios e
Estados; enunciou o princípio do justo acesso aos cargos públicos aos cidadãos
por meio de concurso público que preenchessem os requisitos necessários.
Em
1995, o MARE (Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado) elaborou
o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) a partir de conceitos
fundamentais da Nova Administração Pública, em busca da superação da crise
econômica, financeira e social que desde de então assolam o país; agora, com um
sério déficit previdenciário.
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